sábado, 17 de outubro de 2009

Aqui em Minas, pela primeira vez uma mulher vai mandar e desmandar no TRT.


Não deu outra, com as recentes investigações do Conselho Nacional de Justiça, que investiga a conduta de dois desembargadores do Tribunal Reginal do Trabalho da 3ª Região, uma mulher irá dirigir o TRT pela primeira vez. Mais um viva às mulheres que além de competentes, estão se mostrando mais honestas do que muito marmanjo por aí.

A seguir vou destacar duas reportagens publicadas no Portal Uai, a primeira sobre a escolha da Desembargadora Deoclécia Amorelli Dias e a segunda sobre a má conduta de dois desembargadores da casa, uma vergonha nacional.


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Pela primeira vez, mulher vai dirigir o TRT-MG
Alvo do CNJ, Antônio Fernando é derrotado na disputa pela vice-presidência do tribunal

O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT/MG), Antônio Fernando Guimarães, alvo de um procedimento administrativo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por suspeita de favorecimento a um escritório de advocacia, sofreu, na quinta-feira, uma derrota ao concorrer ao cargo de vice-presidente administrativo. Ele foi vencido por dez votos de diferença pela desembargadora Cleube de Freitas Pereira, escolhida por 21 dos 35 integrantes do tribunal pleno, o dobro recebido por ele. Antes da eleição para os quatro principais cargos na hierarquia do TRT, Guimarães, que também pretendia concorrer à presidência e à vice-presidência judicial, retirou sua candidatura para essas funções. De acordo com decisão do CNJ, ele vai responder o inquérito administrativo ao lado de outro desembargador, Ricardo Antônio Mohallem.

Realizada apenas 24 horas depois da decisão do conselho e num clima de constrangimento, a eleição trouxe inovações à administração da Justiça do Trabalho mineira, como a vitória da desembargadora Deoclecia Amorelli Dias, primeira mulher a presidir o TRT no estado. E a vitória foi feminina também para os cargos de vice-presidentes judicial e administrativa, nos quais assume a desembargadora Emília Facchini e Cleube, respectivamente. Apenas o cargo de corregedor coube a um homem, porque não havia candidatas mulheres. Depois de uma disputa acirrada, em duas votações em se atingir os votos necessários, o desembargador Luiz Otávio Renault, foi escolhido por ser o mais antigo, critério usado para casos de empate. Na primeira votação, seu concorrente Marcos Moura Ferreira ficou com 18 votos contra 17 destinados a Renault. Para se eleger, eram necessários 19 votos.
Desdobrável

Em um curto discurso, emocionado, a desembargadora Deoclecia agradeceu aos colegas por sua escolha e cumprimentou seu concorrente, desembargador Eduardo Lobato, que hoje ocupa o cargo de corregedor. Citando a frase da escritora Adélia Prado, “mulher é desdobrável”, a desembargadora disse que promete se “desdobrar” para manter o TRT de Minas na condição de “melhor do país”. Assim como no caso dos outros eleitos, a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Trabalho e aceita pelo CNJ passou longe dos temas dos discursos. Apesar das manifestações dos que acompanhavam a sessão se restringirem a aplausos, a expectativa era de grandes mudanças na condução da Justiça no estado. As vitória das três mulheres também foi bastante comentada.

A posse para os cargos de presidência está marcada para 16 de dezembro, mas os eleitos passam a exercer a função em 1º de janeiro para o biênio 2010/2011, com o constrangimento de ter dois de seus desembargadores como alvo da CNJ. Antônio Fernando Guimarães e Ricardo Antônio Mohallem já tinham conseguido uma sentença favorável da corte do TRT , mas o Ministério Público do Trabalho recorreu ao conselho, que acatou o pedido. De acordo com o conselheiro José Adonis Callou de Araújo Sá, “há fortes indícios de que as condutas dos magistrados são incompatíveis com o exercício da magistratura e que, portanto a decisão do Tribunal Regional da 3ª Região de arquivar os processos é contrária aos autos”. Os desembargadores são investigados por suspeita de beneficiar o escritório de advocacia Vilhena & Vilhena.

Ministro

Antes de dar início à sessão de votação, o desembargador José Roberto Freire Pimenta, foi saudado por seus colegas por fazer parte da listra tríplice para um cargo a ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Os nomes já estão sobre a mesa da presidência aguardando apenas a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, a escolha de Pimenta foi dada como certa por seus colegas do pleno na corte mineira.

Maria Clara Prates - Estado de Minas

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Desembargadores são suspeitos de favorecer clientes de um escritório de advocacia

Um dos magistrados mora em área nobre de BH, num imóvel pertencente ao filho de advogado, e paga pelo aluguel uma quantia simbólica de R$ 250,00.

Dois desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG), Antônio Fernando Guimarães e Ricardo Antônio Mohallem, são acusados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de favorecer os clientes do escritório de advocacia Vilhena & Vilhena. Os dois são alvo de um procedimento administrativo aberto na terça-feira pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para apurar as denúncias feitas pelo MPT.

Antônio Fernando, que foi corregedor do TRT, pode ser eleito presidente do tribunal. A escolha do novo comando da corte trabalhista, que vai presidir o tribunal de janeiro de 2010 a dezembro de 2011, está marcada para esta quinta-feira à tarde. Além de presidente, ele também disputa os cargos de vice-presidente judicial e vice-presidente administrativo.

Um processo contra os magistrados tinha sido arquivado ano passado pelo TRT, mas o MP apresentou um pedido de revisão ao CNJ, que acabou aceito. De acordo com o relator do pedido de revisão do arquivamento da sentença no CNJ, conselheiro José Adônis Callou de Araújo Sá, há fortes indícios de que as condutas dos magistrados são incompatíveis com o exercício da magistratura e que, portanto, a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região de arquivar os processos, é contrária aos autos. "Por isso mesmo, é preciso aprofundar o exame dos fatos", acrescentou o conselheiro.

Procurados pela reportagem em suas residências, Antônio Fernando e o advogado Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena, proprietário do escritório que seria favorecido, não quiseram comentar a decisão do conselho nem as denúncias do MPT. Ricardo Antônio não foi localizado pela reportagem para falar sobre o assunto.

Os magistrados são acusados pelo MPT de eventual favorecimento em seus julgamentos de clientes do escritório de advocacia Vilhena & Vilhena, seja por parentesco de assessor, amizade íntima ou por vantagem econômica. Entre os indícios contra o desembargador Antônio Fernando Guimarães apontados pelo Ministério Público está o fato de ele morar em um apartamento, na Rua Antônio Aleixo, região nobre de Belo Horizonte, que pertence ao filho de Paulo Vilhena, João Braúlio Vilhena. Esse é o endereço declarado do juiz perante o TRT e que está registrado no Cartório do 5º Ofício de Registro de Imóveis de Belo Horizonte em nome João Braúlio. Pelo aluguel desse imóvel, Antônio Fernando pagaria a quantia simbólica de R$ 250 por mês. Ele mora no local desde 2000.

Antes de ser juiz do trabalho, na década de 1980, Antônio Fernando, trabalhava com Vilhena. Os dois atuaram juntos em alguns processos trabalhistas. As sentenças suspeitas de favorecimento denunciadas pelo MPT seriam referentes a ações civis públicas e reclamatórias trabalhistas de vulto. No ano em que presidiu a segunda turma do TRT, cerca de 23,25% das ações civis foram distribuídas para a vara de Antônio Fernando, havendo coincidência entre essa distribuição e a atuação nesses processos do escritório de advocacia de Vilhena. A distribuição era feita de modo manual, aproveitando das brechas esse tipo de situação, e não de modo automático e aleatório.

A denúncia também levanta a suspeita de que Antônio Fernando chegava a despachar do escritório de Vilhena, na Avenida Brasil, também na zona sul da capital mineira. Contra o desembargador Ricardo Antônio Mohallem, pesa também a suspeita de possível favorecimento aos clientes do escritório Vilhena. A alegação do Ministério Público do Trabalho baseia-se no fato de que o desembargador é assessorado em seu gabinete por José Carlos Rabello Soares, filho do advogado Nilo Álvaro Soares, também integrante do escritório de advocacia Vilhena & Vilhena. Ele atua como assessor desde setembro de 2001.

Alessandra Mello - Estado de Minas


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