sábado, 31 de julho de 2010

Caso Bruno, caso Mércia, caso Rafael Mascarenhas, casal Nardoni, casos de desconhecidos, ... etc....



Ainda que a lei seja uma só em todo o País, nem sempre os procedimentos adotados pela polícia e pelo judiciário são os mesmos. Não há um padrão à ser seguido, não há um manual, não há igualdade de tratamento. Aos ilustres, todo o empenho da polícia, dos peritos e do judiciário. Aos desconhecidos "as batatas", numa referência à célebre frase de Machado de Assis, imortalizada pelo personagem Quincas Borba que bradava sempre "Ao perdedor, as batatas!".

Chegam à nós somente os casos da mídia, como o do goleiro Bruno, da advogada Mércia, do casal Nardoni e do atropelamento do filho da atriz Cissa Guimarães. Quanto aos demais, dos ilustres desconhecidos, ainda que tenham os mesmos requintes de estupidez e crueldade, os casos não são tratados com o mesmo empenho. Infelizmente é assim que o "sistema" funciona.

Triste realidade, porque fosse o filho de algum trabalhador que tivesse sido atropelado no lugar da atriz global, certamente o pagamento de propina aos policiais teria sido feito e não restaria mais nada do caso senão a manchete de que "tá lá um corpo estendido no chão", numa referência à música de João Bosco, "De frente pro crime".

É evidente que não há como se noticiar todos os crimes que ocorrem de norte à sul e de leste à oeste em nosso País, no entanto, o direito dos familiares de terem pleno conhecimento do que ocorreu com seus entes queridos, deve ser igualitário. Todos os crimes, sem exceção nenhuma, devem merecer o mesmo tratamento dos crimes que são divulgados pela mídia.

Todos os crimes, sem exceção alguma, independente da vítima ser rica ou de ser pobre, carece de apuração e de justiça. Quanto à divulgação na mídia, para mim, pouco importa, porque tenho comigo que a exposição exagerada acaba por prolongar o sofrimento dos familiares e muitas das vezes revelam fatos e detalhes sórdidos e hediondos.

É fato, que milhares de crianças, adolescentes, homens e mulheres, perdem a vida todos os anos em nosso País, em acidentes de transito, em assaltos, em assassinatos e em tragédias. É fato que o tráfico de drogas é um campo minado, pois quem se atreve a por lá passar, acaba por não sair, ou sai mutilado.

A exposição de certos crimes pela mídia revela normalmente, um lado cruel, macabro e irracional, todos dignos de roteiro de filme de terror. Mas é isso que se vende, quando deveria se oferecer esperança. Há uma banalização da violência em nosso País e isso não é de hoje.

Não se combate violência com mais violência, não é necessário que o Estado crie forças nacionais e armem um verdadeiro exército urbano para subir e descer morros das favelas diariamente. É necessário que haja igualdade de tratamento e de oportunidade à todos.

É necessário e urgente, que todos os crimes sejam apurados com o mesmo rigor, a mesma tecnologia e o mesmo aparato. É necessário que todos os culpados sejam julgados, condenados e que realmente cumpram às penas impostas, sem nenhuma regalia ou privilégio. Somente assim, poderá ser dito que há Justiça no Brasil.

Esse texto é em memória das vítimas desconhecidas, cujos crimes jamais foram ou serão apurados. Fica assim em aberto para sua reflexão.

Belo Horizonte-MG, 31 de julho de 2010.